sábado, 30 de janeiro de 2010

SEM OUSADIA
Tereza da praia.

Tem dias que se está tão triste
que as palavras são gotas de sangue.
Cada frase resiste,
feito punhal que fere, range
deixa a tristeza sangrar.
O poema se torna chicote.
Cada verso, um açoite.
Espanca-se a dor, a solidão,
a desconfiança que assaltam na noite.

Tem dias que as lágrimas
são muitas águas,
que correm como torrentes
arrastando as mágoas.
A presença do ausente
Cresce, invade
irrompe o rio da vida
que transborda
carrega tudo consigo.
Tem dias
que as unhas são espadas
que se cravam na carne
do imaginário,
querendo arrancar o coração.
A alma é ferida pura,
carne viva.
Tem dias que não adianta maldizer
Não se tem ousadia pra ser
Não se tem fantasia pra viver
A morte parece linda...
doce com um profundo sono
alegre pacificador.
Sem pesadelos, sem sonhos.
Um torpor.
Tem dias
que nada vale a pena...
que a pena vale a dor...
hoje eu queria dormir
nos braços do mar
sorrir
misturar o sal da lágrimas
com a imensidão daquele azul.
meu destino cumprir
Sumir.


Tereza da Praia
Série: Elas passarão, eu passarinho

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