O VERDADEIRO VALOR DA AMIZADE

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Uma das condições para sermos felizes é a capacidade de viver intensamente cada relacionamento no presente. A vida é para ser vivida e não para ser conservada.

O homem é um ser relacional. Nossa vida é impensável sem relacionamentos. Viver é relacionar-se. E quanto mais competência temos para lidar com as pessoas, mais felizes somos. As relações suprem nossas necessidades de afeto, de inclusão, de amar e sermos amados, de brincar e de partilhar. Daí a importância da amizade para o nosso equilíbrio emocional.

Os gregos diziam que quem tem amigos não fica louco. E é verdade, a amizade é altamente terapêutica. Com o amigo, falamos de nossas intimidades, dos nossos sentimentos, alegres ou tristes, dos nossos problemas, dos nossos sonhos. Um dos sinais típicos da depressão é o afastamento dos amigos e a tendência ao isolamento. E um dos sinais de felicidade é a abertura do mundo emocional através de passeios, festas e viagens com amigos. Mas, para que a amizade cumpra esse papel de equilibrador na nossa vida, alguns critérios são fundamentais: o amigo não tem necessariamente que sofrer com o sofrimento do outro, como pensa a Juliana. A compaixão, a solidariedade, a compreensão da dor do amigo são mais importantes que sofrer junto com ele. Ao contrário, amigo é aquele que fica alegre com a alegria do outro. E isso é difícil, já que vivemos numa sociedade altamente competitiva. Ficar triste com a tristeza de alguém é fácil. Difícil é vibrar com o sucesso do amigo.

E as separações? Em tudo o que é vivo está implícita a possibilidade da morte. Em todo amor existe a possibilidade do abandono. Muitas amizades se desfazem e, quando isso acontece, é natural o pesar e a tristeza. Evitar o envolvimento com as pessoas por causa disso é o mesmo que não querer viver porque vamos morrer.

Uma das condições para sermos felizes é a capacidade de viver intensamente cada relacionamento no presente. A vida é para ser vivida e não para ser conservada. Nossa ânsia de estabilidade e segurança nos faz ver o casamento, a amizade ou qualquer relacionamento muito mais como algo a ser mantido. Privilegiamos a posse e esquecemos do usufruir. Queremos a garantia do amanhã nas relações em detrimento do prazer que nos oferecem hoje. E a decepção ? Está, em geral, ligada às nossas exigências e expectativas irrealistas com relação as pessoas. Temos um modelo perfeccionista de como as pessoas devem ser e quando elas não conseguem se adaptar integralmente à imagem que fazemos delas, dizemos que elas nos decepcionaram. É claro que existem determinados comportamentos indesejáveis numa relação . Como somos humanos e imperfeitos, muitas vezes erramos nas nossas relações. O diálogo, a veracidade e a manifestação clara do que não desejamos são instrumentos fundamentais de construção e manutenção do relacionamento. Outra forma de nos sentirmos decepcionados é quando a pessoa não está do nosso lado, entendendo isto quando não nos dá razão em tudo, concordando integralmente com nossas idéias. A divergência de opiniões não é empecilho para a relação. Pelo contrário, a discordância e oposição fazem parte de uma relação sadia e justamente isso é que propicia o diálogo, a discussão e a reflexão construtiva na amizade.

Resumindo, a instituição da amizade é sagrada na nossa vida, conquanto nos ajuda no caminho do auto-conhecimento, no crescimento do crescimento baseado nas diferenças . Quem tem amigo não fica louco.

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